Baratas e os riscos com o novo Coronavírus

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Pragas sinantrópicas podem ter alguma relação epidemiológica com o novo coronavírus? Entre elas as baratas, que são mais comuns em nossos ambientes.

 

Sabemos que as pragas sinantrópicas são bastante diversificadas e existem diferentes grupos, com diferentes comportamentos em áreas urbanas.

Comportamento de Baratas Sinantrópicas:

O que define o potencial transmissor de doenças de uma praga é sua biologia e, principalmente, seu comportamento.

As espécies prevalentes de baratas que ocorrem no meio frequentado pelo Homem são a Periplaneta americana (barata de esgoto) e a Blattella germanica (barata de cozinha), embora existam outras espécies de importância médica.

O potencial absoluto de contaminação da barata de esgoto é claramente mais elevado do que o da barata de cozinha, pela questão da primeira habitar áreas de maior risco sanitário, como esgotos, subsolos com sujidades e outros locais críticos. Por outro lado, a barata de cozinha está associada a áreas de menor potencial de contaminação, mas sua reprodução é tão elevada, gerando uma alta densidade populacional nas áreas infestadas, possibilitando uma contaminação mais abrangente. Associado a este fato, a circulação da barata de cozinha é muito mais ampla e, relativamente, muito contaminante.

As baratas apresentam movimentos voluntários e percorrem distâncias consideráveis por transporte ativo, bem como movimentos involuntários pelo transporte passivo, sendo intercambiadas para diferentes locais, seja por transferência de mercadorias de um ponto a outro e até mesmo por navios e outros meios de transporte.

Suas pernas são apropriadas para corridas indoor ou outdoor, escalam grandes alturas, fazendo essa permuta de sujidades e, consequentemente, de micro-organismos patogênicos de forma exacerbada.

Sua velocidade e direção imprevisíveis, associadas a seus hábitos noturnos, favorecem a passagem nas superfícies, onde depositam secreções, excreções, bactérias, fungos, parasitas e vírus que se encontram aderidos em seu corpo.

Quão frequentemente as baratas são associadas a eventos de veiculação de doenças?

A resposta não tem uma precisão, embora existam diferentes pesquisas relacionadas à presença e diversidade de patógenos encontrados no corpo desses insetos. Pela lógica, é viável.  Em resumo, os micro-organismos estão no corpo das baratas que percorrem grandes distâncias em superfícies; os micro-organismos se desprendem, contaminam as superfícies de passagem, tornando-se pontos de contaminação humana.

Há relatos e suposições sobre o potencial de contaminação resultante deste conjunto apontado por etapas, ou seja, a presença do binômio – micro-organismos na superfície corpórea X passagem por superfícies distintas – contudo a correlação de surtos epidêmicos ou ocorrências pontuais de doenças decorrentes são apenas sugestivas.

Sabe-se que algumas linhagens de vírus de poliomielite já foram isoladas em baratas em locais com ocorrência da doença. Experimentos de laboratório já demonstraram a transferência destes para substratos de passagem, evidenciando este carregamento. Contudo, são evidências circunstanciais. A ocorrência de alergias causadas por baratas é fato comprovado. Tudo leva a crer nessa capacidade vetorial de transferência de patógenos, podendo eclodir na veiculação e ocorrência de enfermidades. Pesquisas complementares de suporte são necessárias.

Baratas X novo coronavírus:

Pergunta-se então, neste momento de ocorrência do novo coronavírus em escala pandêmica, qual poderia ser o papel e a importância das baratas como contaminantes ambientais? A contaminação cruzada.

Pesquisa recente mostra a presença de coronavírus em redes de esgoto no Brasil. O vírus Sars-Cov-2 foi descoberto em rede de esgoto e a presença do vírus é um indicador do espalhamento da Covid-19 na população. O vírus, assim, é excretado nas fezes. Este achado não significa que haja transmissão pelo esgoto, mas serve como sentinela para correlação de casos da doença. Por outro lado, no Rio de Janeiro  a rede de esgoto deficiente não viabiliza uma pesquisa confiável. Pesquisas anteriores em outros países também detectaram o vírus nas fezes.

Potencial de Contaminação: 

Juntando fatos e suposições, já ficou claro que as baratas são veiculadoras de microrganismos patogênicos por permitirem a aderência de sujidades em seu corpo. Esta aderência é facilitada pela presença de cerdas, espinhos e outras estruturas morfológicas, além de um diferencial de carga iônica. Ficou claro, também, que as baratas são “andarilhas”, passando em áreas sujas onde se contaminam, tanto quanto em áreas limpas e até mesmo “sensíveis”, onde estes contaminantes podem ser “largados” ou desprendidos.

Se registrarmos o trajeto por onde uma barata passa ao sair de seu abrigo ou esconderijo ao se dirigir à área de forrageamento ou alimentação, teremos percursos de até 10 a 45 metros, dependendo da espécie.

Parece bastante plausível, assim, a veiculação do novo coronavírus, causador da Covid-19 por essas pragas na área urbana.

Tempo de permanência do vírus em superfícies:

A sobrevida do coronavírus em diferentes superfícies é motivo de várias pesquisas. Um estudo foi realizado pelo CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças, da Universidade da Califórnia, com avaliação da permanência do vírus em cinco locais distintos. Através de um nebulizador e uma forma aerolizada do vírus, foi definido o tempo em suspensão no ar e de retenção em superfícies, com os resultados a seguir.

Também foi realizado estudo  de viabilidade em diferentes tecidos. Pela porosidade, os poros retêm por mais tempo o vírus, até 96 horas e o controle fica limitado à lavagem, pela acessibilidade de água e sabão.

Medidas a serem adotadas:

As medidas mais imediatas a serem adotadas envolvem o controle de baratas nas áreas propícias à infestação – ou já infestadas – e a sanitização ambiental. Claro está que tais procedimentos devem ser realizados dentro de uma periodicidade peculiar a cada local, com avaliação criteriosa  dos resultados, através de monitoramento contínuo.

O controle de baratas deve obedecer à filosofia do Manejo Integrado de Pragas/MIP, que contempla o controle ambiental e o controle químico, com adoção de ações de bloqueio da acessibilidade das pragas, correções estruturais de edificações e higienização dos ambientes, pelo manejo de resíduos e de restos alimentares em geral. A higienização de superfícies e equipamentos, já contempladas no MIP, devem ser reforçadas e ampliadas.

Recomenda-se procedimentos de Sanitização Ambiental mais abrangentes, de modo a assegurar a exclusão do vírus de forma mais direcionada.

As falhas de limpeza , com acúmulo de camadas de gordura, tornam-se atrativas para as baratas e devem ser alvo de correção.

Cresce a importância destas atitudes, com base na prevenção e orientação da população envolvida.

Quebrar o ciclo de replicação do vírus é o caminho para o controle da pandemia e a possibilidade para a flexibilização do distanciamento e isolamento social.

E vida que segue!

Fonte: https://www.pragaseeventos.com.br/baratas-e-os-riscos-com-o-novo-coronavirus

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